Trabalho Decente é uma ocupação produtiva e adequadamente remunerada, exercida em condições de liberdade, eqüidade e segurança, capaz de garantir uma vida digna.
Este conceito foi proposto inicialmente pela Organização Internacional do Trabalho e vem sendo adotado pelos governos de diversos países. No ano passado, em adesão a esse objetivo global assumido pelo Brasil, o Ministério do Trabalho e Emprego consolidou importantes diretrizes na Agenda Nacional de Trabalho Decente.
Uma agenda de Trabalho Decente deve estar pautada em quatro pilares: o respeito aos princípios e direitos fundamentais no trabalho, a geração de ocupações de qualidade, a ampliação da proteção social e a promoção do diálogo social.
A implementação de compromissos em torno do Trabalho Decente vai ao encontro da decisão política de ter o trabalho como centro do processo de desenvolvimento, como via de inclusão social, em um projeto que tem as pessoas e a melhoria da sua condição de vida como questões basilares.
Para estabelecermos estratégias de desenvolvimento com inclusão social ─ fundamentais para a construção de uma sociedade mais justa, o crescimento econômico é condição necessária, mas não suficiente. Sua efetividade nesse projeto está condicionada a uma atenção especial para setores que gerem mais trabalho e ao embasamento em mecanismos que permitam melhor distribuição das riquezas e melhor qualidade das ocupações ofertadas. Setores produtivos e atividades que concentram a população mais vulnerável, como a agricultura e o trabalho doméstico, também devem ser espaços prioritários de ação.
A promoção de trabalho decente envolve ações de geração de trabalho e renda, segurança e saúde no trabalho, combate à discriminação, qualificação profissional, melhores condições de trabalho; enfim, a busca por oportunidades de trabalho mais dignas, com liberdade e abertura à participação e ao diálogo social. Destaca-se igualmente o objetivo de erradicação de formas degradantes de trabalho, como o trabalho infantil, o trabalho escravo ou forçado e outras práticas espúrias.
As instituições brasileiras têm demonstrado significativo avanço histórico no campo da valorização do trabalho, o que, contudo, não representa solução acabada para esta questão, mas sim disposição política e mobilização social para enfrentamento dos problemas relativos a esse tema.
Aderir à convocação global para o debate do Trabalho Decente é reconhecer o Trabalho como cerne do desenvolvimento e de inclusão social, é reconhecer o valor do Trabalho como aspecto central na nossa sociedade, é apresentar disposição para dirigir esforços a fim de consolidar as conquistas e mobilizar a sociedade para a busca de alternativas para esses desafios. A Bahia inova nesse campo ao lançar a primeira Agenda do Trabalho Decente em nível subnacional no mundo, segundo constatação da OIT, que tem prestado apoio técnico a esse processo. Construída de forma participativa, em diálogo tripartite ampliado, envolvendo trabalhadores, empregadores, governo e sociedade civil organizada, a Agenda expressa compromissos prioritários nos seguintes campos: erradicação do trabalho escravo e infantil, segurança e saúde do(a) trabalhador(a), juventude, serviço público, promoção da igualdade, trabalho doméstico e biocombustíveis.
Além da operacionalização dessas diretrizes, outros desafios estão postos, como a interiorização da proposta, a ampliação das ações existentes, a inclusão de outros atores, a difusão do projeto, seu monitoramento e acompanhamento. No recém lançado Portal do Trabalho Decente ( http://www.setre.ba.gov.br/ ), pode-se ter acesso à Agenda, a um catálogo com ações voltadas à promoção de melhores condições de trabalho, entre outras informações.
Trata-se de um projeto de longo prazo, com e para toda a sociedade. A participação e o compromisso de todos é fundamental para o avanço desses objetivos. Afinal, trabalho decente é direito da gente.
Publicado em A Tarde de 2/1/2008, p. 3
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