Há um debate sobre o enfrentamento da pandemia desde os primeiros momentos. Basicamente, considera-se a relação entre saúde e economia. A princípio é uma preocupação justa, não se tratando propriamente de uma contradição. Uma escolha a ser feita entre um e outro.
No entanto, observou-se que nos casos em que se estabeleceu a contradição entre manter a quarentena ou garantir o livre funcionamento das atividades econômicas, em especial comércio e serviços. Na Itália, a opção por retorno ao trabalho e restrição apenas para idosos e população mais vulnerável, resultou pouco tempo depois numa explosão de contaminação pelo COVID-19 e do número de mortes em decorrência da enfermidade.
No Brasil, o tresloucado presidente, apostando de que, no futuro, quando os efeitos recessivos do fenômeno sobre a economia, as empresas e o trabalho se manifestassem, teria argumento para o conhecido "eu não disse?", quando poderia responsabilizar as demais autoridades que defenderam a política do confinamento da população. Assim, mobilizou sua milícia e até milionária campanha oficial estimulando a retomada do trabalho.
Durante esses conturbados dias não faltaram supostos porta-vozes do empresariado defendendo a
ideia de que estimadas 7 mil mortes não seriam tão significativas, e que se deveria
relaxar a quarentena.
Lembro que não é absolutamente inédito este comportamento.
Recentemente, uma operação policial flagrou frigoríficos que adulteravam
carnes; da mesma forma não é incomum a prática de adulteração do leite. Os
fabricantes de tabaco sabiam dos efeitos negativos do produto à saúde.
Fabricante de automóvel sonegou informação sobre o descumprimento de
norma sobre poluição; outros empresários negavam que sua atividade produzia
poluição da água provocando mortes dos vizinhos, em caso que registrado pela
cinematografia.
Na atualidade, a sistemática negação dos efeitos climáticos do aquecimento
global provocado pela contratam-se 'especialistas' que vêm a público negar as evidências científicas para garantir que não sejam reduzidas as emissões de poluentes, impedindo a perspectiva de redução dos efeitos do clima sobre o planeta e a população, em especial, os pobres.
O que une tudo isto é a ideia de que o lucro deve estar acima de tudo. Evidentemente, não nestes termos rasos, mas de forma sofisticada, sob a capa da necessidade de manter os empregos, de garantir o padrão de 'bem-estar' nas economias centrais, etc. Análises de custo e benefício são apresentadas, calcula-se o valor das indenizações a serem eventualmente pagas, em comparação com o lucro a ser apurado no mesmo período, e coisas do gênero.
Ao contrário do que se apregoa nos ambientes
empresariais e, infelizmente, na maioria das escolas de gestão, o mercado
precisa ser controlado, precisa ser regulado.
A mão invisível não se preocupa em usar álcool em gel ou água e sabão. A contaminação é vista apenas como efeito colateral da atividade, assim como as mortes.
Nenhum comentário:
Postar um comentário