26 novembro, 2019

Mercado quer mais


Importante jornal econômico do país anuncia a desvalorização do real em patamar recorde, associando o fato à guerra comercial promovida pelos EUA é retaliada pela China. Mas não é só isso, diz o jornal, outros indicadores que revelam fragilidade da balança comercial e de serviços e transferências de dólares para fora do país, teriam impactado negativamente.

O discurso que fomentou a reforma da previdência, as novas reformas trabalhistas, as privatizações, o megaleilão de petróleo, novas parcerias publico-privadas, redução do gasto público, etc etc. fundamentava-se na ideia de que essas medidas garantiriam o emprego e a retomada da economia. A realização dessas ‘tarefas de Hércules’ do hiperliberalismo da direita brasileira, segundo Guedes e companhia, colocaria o Brasil no rumo do crescimento.

Como era de se esperar, anunciam agora que não, que é preciso ceder mais, retirar mais direitos dos trabalhadores e da classe média - esta, em geral, caudatária das ideias difundidas pela Globo e, de resto, pela grande mídia brasileira, também pagará o pato.

Assim, novos sacrifícios, 'nem que seja necessário um novo AI-5'...  Desta vez não foi o zero x, filho do presidente, quem falou, foi o economista da família, o Guedes.

Significa dizer que a resposta aos efeitos da política econômica que estão implantando no Brasil, cujo protótipo foi inaugurado no Chile há vinte anos, não é a adoção de políticas sociais, o que o próprio governo chileno está fazendo. Não, para o governo, a solução é baixar medidas, leia-se, retirar direitos, nem que seja na marra.

A desigualdade crescente não sensibiliza essa gente, Ao contrário, para essa gente, o princípio de tudo é a garantia de altas taxas de retorno ao capital, o resto se vê depois.

As praças de Santiago, de Caracas, de La Paz estão cheias de povo protestando por mudanças. No Brasil, também, estão muito cheias, mas para comemorar um título de futebol. Enquanto a situação persistir, os financistas continuarão a tripudiar.

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